sexta-feira, maio 27, 2005

Intervenção do Secretário de Estado do Turismo no seminário da APAVT: “Qual o valor da sua agência de viagêns?"

Exmos Senhores
(…)
Antes de mais nada gostaria de agradecer à APAVT, na pessoa do seu Presidente Senhor Vítor Filipe, o convite para estar presente na abertura deste Seminário subordinado ao tema “Qual o valor da sua agência de viagens”.
Gostaria igualmente de aproveitar a ocasião para saudar os restantes elementos dos órgãos sociais desta Associação, os oradores convidados e todos os participantes em geral.
A iniciativa deste tipo de Seminários - com o consequente diagnóstico da situação das agências de viagens, a avaliação do passado e sobretudo a perspectivação de soluções para o futuro - constitui certamente uma medida de louvar e de enaltecer face às condicionantes e mutações que, num contexto cada vez mais global, regem a actividade turística.
No que se refere a esta matéria gostaria de, brevemente, salientar aqueles que são hoje alguns dos novos paradigmas à escala mundial que afectam a actividade turística em geral e as Agências de Viagens em particular.
  • O alargamento da União Europeia a 25 países, consolidando não apenas uma série de novos destinos concorrentes ao nosso, mas também dinamizando a oferta turística global.
  • O surgimento e crescente afirmação das Companhias “Low Costs”, representando já cerca de 12,5% do total de viagens realizadas.
  • As significativas alterações no perfil de comportamento da procura turística, obrigando a um permanente acompanhamento, são certamente um dos pontos que se reveste da maior importância para o sector.

No que se refere a este último ponto realço ainda:

  • O crescente acesso à “Internet”, tornando disponível inúmera informação sobre destinos e sobre todo o tipo de ofertas e, mais importante, permitindo o contacto directo entre consumidores e prestadores de serviços – em 2005 os cibernautas serão mais de 1 bilião de utilizadores.
  • A cada vez maior exigência do consumidor com a preservação ambiental, preservação do património histórico e cultural e com a conservação da natureza nos destinos turísticos (factores levados em linha de conta nas escolhas do turista do presente).
  • O permanente surgir de soluções cada vez mais originais, flexíveis e elásticas de alojamento e de animação turística que tentam satisfazer e dar resposta às crescentes exigências dos novos turistas.

Minhas Senhoras e Meus Senhores
É cada vez mais difícil captar clientes e manter quotas de mercado. Para tal é necessário estar permanentemente atento à gestão e à inovação, de forma a ganhar e manter posição nesta era de competição global. Como diria, já no Século XIX, o escritor francês Suárez, “O viajante ainda é aquele que mais importa numa viagem”.
Estas mutações constantes afectam, sem dúvida alguma, as agências de viagens e, além de causarem alguma perplexidade, podem ser geradoras de grandes oportunidades.
Torna-se, por isso, urgente dignificar e valorizar as mais-valias de competência, conhecimento e qualidade do serviço que as agências de viagens podem oferecer.
O Turismo é reconhecidamente um dos sectores mais competitivos e com maior potencial de expansão na economia portuguesa.
A confirmação desta afirmação foi recentemente obtida.
Pela primeira vez na história, os indicadores estatísticos do IMD 2005 (Anuário de Competividade Mundial) referem o Turismo como uma das actividades económicas que mais contribuiu para a geração de receita em Portugal em 2004, surgindo como o 3º factor contributivo para a performance da nossa economia.
O contributo para a criação de riqueza e emprego, para o bem-estar dos portugueses desempenhado pelo sector das Viagens, Turismo e Lazer é cada vez mais reconhecido pela sociedade portuguesa.
É indispensável aproveitar o actual momento de estabilidade política (Portugal teve 17 Governos enquanto a Espanha teve apenas 3 ao longo de 30 anos) para parar, reflectir, inovar, repensar estratégias, reinventar soluções e revalorizar a importância do factor humano.
Só assim conseguiremos, em conjunto, enfrentar os grandes desafios que se colocam a este nosso sector comum. É também aqui que reside, hoje e em nossa opinião, o valor da sua Agência de Viagens.
A afirmação de Portugal como destino turístico internacional, num quadro de implementação de uma estratégia de desenvolvimento sustentável para o Turismo Português, apenas será possível, se públicos e privados, em parceria e co-responsabilização, unirem esforços num mesmo sentido, apostando verdadeiramente na qualidade e nos factores dinâmicos de competitividade.
Neste âmbito, e enquadrado no plano de acção do Ministério da Economia e Inovação para a área do Turismo, cumprimos já, passados que estão dois meses da nossa tomada de posse, com dois objectivos: nomeámos as novas equipas para os organismos sob a tutela do SET, reduzindo a sua dimensão e agilizando o seu funcionamento, e assegurámos a sua ligação com outros institutos com responsabilidades na área da promoção, designadamente o ICEP.
Neste ponto, gostaríamos de chamar a atenção para uma área de vital importância como é a Promoção. Oportunamente lançámos o desafio para que cada português fosse um promotor turístico da marca Portugal. Contamos com o vosso empenhamento nesta missão.
Temos tomado boa nota, nos encontros que mantivemos e nas diversas declarações de V.Exas., das vossas reivindicações e preocupações e estamos a acompanhar os problemas que ainda se verificam nos principais aeroportos de Portugal (seja a nível de infraestruturas, seja de acessos) bem como questões que se prendem com a imagem negativa de alguns visitantes em relação ao estado da nossa capital.
Outro aspecto importante diz respeito à adequação legislativa à própria dinâmica do negócio, factor que tem merecido a atenção do meu Gabinete e dos organismos sob a minha tutela.
Temos porém consciência de que estes objectivos só são alcançáveis, se todos estivermos mobilizados para a respectiva prossecução.
Em resumo: é preciso desenvolver um processo permanente de partilha de responsabilidades, motivo pelo qual contamos com os diversos agentes e entidades públicas e privadas para, em conjunto, convergirmos em prol desta que é a nossa actividade comum.
Muito obrigado.

(Lisboa, 18 de Maio de 2005)